Um perfil do mercado publicitário regional
Estudo do Sinapro SP traz um retrato dos salários dos profissionais que atuam em agências, além de dados sobre a diversificação de atuação das empresas
Serviços digitais, produção de conteúdo, marketing promocional. Se estas eram disciplinas exclusivas de empresas especializadas, hoje fazem parte também do portfólio de serviços de muitas agências de publicidade. A mudança foi constatada no estudo Perfil e Tendências das Agências de Propaganda do Estado de São Paulo, realizado pela Toledo & Associados para o Sindicato de Agências de Propaganda (Sinapro-SP). Pelo terceiro ano consecutivo, a entidade promoveu a pesquisa que ouve grandes, médias e pequenas empresas do estado. Realizado entre os meses de maio e julho, o levantamento ouviu 309 lideranças de agências da capital, Grande ABC, Baixada Santista e das regiões de Campinas, Ribeirão Preto, Sorocaba, São José do Rio Preto e São José dos Campos. No total, 40% dos entrevistados são da capital e 60% do interior. A média de vida das agências ouvidas é de 16 anos de mercado.
“O grande ponto que a pesquisa reflete claramente é a mudança no modelo das agências. O serviço sempre foi muito focado na intermediação de mídia e não é mais”, observa Geraldo de Brito, presidente do Sinapro-SP. Para ele, um dos pontos que está levando a esta mudança é a competitividade mais acirrada no mercado. “É uma questão de sobrevivência, se você não oferecer, alguém oferece. E não estou falando só do digital, mas também de outros serviços”, frisa.
O estudo aponta que o percentual de agências que oferecem outros serviços além da publicidade aumentou de 29%, em 2014, para 44% em 2016. Considerando as grandes agências da capital paulista que faturam mais de R$ 50 milhões anuais, as que não se restringem à publicidade eram 42% em 2014, agora são 50%.
Outros pontos
A pesquisa mapeou ainda os valores referentes aos salários dos funcionários de agências de publicidade do estado de São Paulo. Do total de 6505 profissionais das empresas que participaram do estudo, 50% ganha até R$ 4 mil. Já 23% recebem entre R$ 4 mil e R$ 7 mil; 14% entre R$ 7 mil e R$ 11 mil e 13% acima de R$ 11 mil. A faixa dos salários mais altos tem um percentual maior de profissionais nas agências de São Paulo: nas que faturam mais de R$ 50 milhões este número é de 25% e nas que faturam menos que este valor o índice fica em 10%. Já a região em que a maior parte dos funcionários recebe menos de R$ 4 mil é a de Sorocaba (89%).
O estudo reiterou ainda uma informação que já foi amplamente divulgada em reportagens sobre o mercado publicitário: faltam mulheres em cargos de liderança nas agências. Em São Paulo, a realidade aparece ao analisar o perfil dos entrevistados: 72% são do sexo masculino, sendo a maioria deles proprietários ou sócios, exceto nas agências da capital onde 80% dos respondentes foram vice-presidentes ou diretores. O curioso é que entre o quadro de colaboradores das agências, não há uma divisão tão gritante: 57% são homens e 43%, mulheres.
“Nas lideranças das agências temos um perfil eminentemente masculino, isso acontece não só nas agências, mas no mercado empresarial, no político, e outros”, comenta Geraldo de Brito. Apesar disso, ele acredita que as mulheres estão ganhando espaço, embora ainda não seja um fato em relação à liderança.
“Nas estruturas médias, em cargos de gerência, temos uma presença maior. Mas estamos carentes de grandes lideranças femininas, isso precisa ser comentado”, finaliza
A íntegra desta reportagem está publicada na edição 1726, de 5 de setembro,exclusivamente para assinantes do Meio & Mensagem, disponível nas versões impressa e para tablets iOS e Android.
Teresa Levin
6 de setembro de 2016 – 15h59